quinta-feira, agosto 03, 2006

A EXCESSIVA SENSIBILIDADE

A excessiva sensibilidade ou auto-piedade se configura enquanto deficiência no caráter de uma pessoa e é um grande vilão na vida do cristão. Esse desvio emocional se manifesta em nós através de um sentimento autocomiserativo em relação a tudo o que acontece. Quando esse excesso de sensibilidade se apega em nós, passamos a assumir um posicionamento vitimista e egocêntrico dentro das circunstâncias. E isso nos cega em relação ao nosso pecado dificultando o reconhecimento de fraqueza e, conseqüentemente, nos leva a projetarmos em outros, falhas nossas. A hipersensibilidade evidencia o egoísmo, ou seja, quanto mais egoísta nós formos mais hipersensíveis seremos. E este sentimento é versátil pois pode acometer qualquer tipo de pessoa; seja ela melancólica, sanguínea ou de outro tipo de temperamento. Apesar de ser comum em todos os temperamentos a excessiva sensibilidade sofre diversificação na sua evidência de uma pessoa para outra. Por exemplo: Num dado estímulo, o melancólico hipersensível fica magoado e introspectivo; já o colérico reage explodindo.

Vejamos algumas faces da hipersensibilidade.
A decepção é um dos efeitos colaterais da hipersensibilidade e surge enquanto principal motivo de saída de crentes da Igreja. Pessoas que se decepcionam constantemente podem conter em si um profundo senso de cobrança em relação aos outros, maior do que de si mesmos, evidenciando assim um sentimento egoísta. E esse senso errôneo nos deixa propensos a ressentimentos. Isso se dá pelo simples fato de esperarmos das outras pessoas atitudes perfeitas e isso se configura enquanto falta de maturidade. É bom estarmos cientes de que a perfeição é inversamente proporcional a humanidade. Se atentarmos para a nossa relação com Deus perceberemos que ao longo das nossas vidas LHE demos inúmeros motivos para se decepcionar conosco, no entanto a SUA reação, para conosco, sempre foi misericordiosa. Devemos reproduzir a maturidade de DEUS em nossas relações interpessoais. Temos que ser mais tolerantes com as pessoas que falham conosco, também já erramos e não somente com Deus mas com outras pessoas também. A oração que o Senhor Jesus nos ensinou diz:
“Perdoai as nossas dívidas assim como nós perdoamos as dos nossos devedores”
A Pessoa hipersensível tem dificuldade de receber exortação ou correção, por que quase sempre ela se identifica enquanto vítima e adota uma postura de coração resistente. Essa atitude empedernida é extremamente nociva, pois agrilhoa à pessoa ao seu pecado. Uma vez que a pessoa não se conscientiza do seu erro e não aceita a correção, conseqüentemente, não pedirá perdão e continuará pecando. A Bíblia diz: “O que encobre as suas transgressões nunca prosperará mas o que confessa e deixa alcança misericórdia” (Pv.28:13) e também diz: “Deus resiste aos soberbos mas aos humildes dá a sua graça” (Tg.4:6). Um dos inúmeros benefícios que recebemos na comunhão é a admoestação. A Bíblia diz “exortai-vos uns aos outros”, exortar é uma prova de amor e a Bíblia confirma bem isso quando diz que “Deus corrige a quem ama”. Se não exortamos por medo de não receberem a nossa exortação, também erramos. Pois a Bíblia nos insta à admoestarmos uns aos outros. Salomão disse “Melhor é a repreensão aberta do que o amor encoberto” (Pv 27:5).
A excessiva sensibilidade pode gerar em nós um sentimento de indiferença ou frieza em relação às situações novas. E essa indiferença pode ser causada por feridas não cicatrizadas do passado, sofrimentos, ressentimentos, mágoas ainda ativas. A indiferença é uma tentativa de autoproteção que criamos mas que, na verdade, não protege nada e não passa de medo. Um certo cientista americano disse que o medo do caos atrai mais caos. Homens e mulheres na Bíblia sofreram perdas enormes no seu passado mas olhavam o futuro com esperança. O Pr. Renato disse, certa feita, que “devemos olhar o passado com perdão e o futuro com esperança”. Não podemos permitir que frustrações do passado se tornem fantasmas a nos acompanhar para o futuro. A indiferença nos impede de amarmos novamente e de nos relacionar com as pessoas por causa do medo de novas frustrações. Então assumimos uma posição defensiva e pessoas que poderiam ser uma benção nas nossas vidas não chegam perto de nós, porque não lhes permitimos. Um homem disse que as dificuldades da vida podem nos dar asas ou muletas.
A vingança ou justiça própria é outro artifício da nossa autopiedade. Nós nos vingamos porque não toleramos a idéia de sermos humilhados ou passados para trás. A autopiedade nos deixa mais propensos às vinganças, além de ser uma tentativa frustrada de lidar com as afrontas no dia a dia. Certo psicólogo contemporâneo disse que uma pessoa nos primeiros 10 segundos de tensão emocional é capaz de cometer uma atrocidade, e isso se dá pelo fato de, nesse período de tempo, suas faculdades mentais ficarem obstruídas impedido assim o raciocínio. Sem antes pensarmos acabamos reagindo instintivamente (como um animal irracional). Segundo esse mesmo psicólogo o melhor a fazer é tentar controlar a emoção e pensar. A reação impulsiva e vingativa é sinal de fraqueza segundo a Bíblia. Nós temos um senso errado sobre fraqueza e força e a Bíblia nos esclarece bem isso. Quando somos agredidos nós revidamos por que acreditamos que o contrário seria sinal de fraqueza ou medo, mas a Bíblia nos diz diferente: “não te deixeis vencer do mal mas vence o mal com o bem” (Rm 12:21), ou seja, a nossa disposição de revide ou vingança tem sido evidência da nossa fraqueza e não de força como imaginávamos. O proceder de Cristo, nos evangelhos, ilustra bem o que é força. Observemos na Bíblia como Ele reagia quando afrontado verbalmente ou agredido fisicamente. Ele não reagia instintivamente mas pensava e falava, deixando os seus afrontadores perplexos. A Bíblia reforça dizendo que a ira do homem é ineficiente pois não opera a justiça de Deus.

A excessiva sensibilidade tem sido um vírus a nos adoecer e devemos tratar dessa enfermidade. Devemos olhar menos para as nossas próprias dores e ajudar mais os irmãos com as suas. È verdade que o evangelho nos dá margem para chorarmos as nossas lutas, as vezes nos entristecemos mesmo, aliás várias pessoas na Bíblia se entristeceram e choraram, mas não podemos esquecer que DEUS é SENHOR. Quanto mais nos lamentamos mais deprimidos ficamos e perdemos a perspectiva de Deus. Esquecemos das pessoas a nossa volta e nos concentramos em nós mesmos como se fossemos os únicos a passar por dificuldades. Devemos controlar mais as nossas emoções e orar por isso. Assim não nos decepcionaremos tanto; não seremos tão empedernidos, indiferentes, vingativos e a depressão no nosso meio não será tão freqüente. Amem?

Tiago Talmon

2 Comments:

Blogger Dany Vida Nova said...

...esse também ta lá !!!
huahuahua
Bjaum

9:24 PM  
Blogger Coisinhas da Tia Poli said...

Obrigada pelas palavras. Não sou evangélica mas elas me tocaram fundo, sinto que é tudo em que preciso me concentrar neste meu momento de vida.
Obrigada de verdade e que Deus te abençoe grandemente pela tranquilidade e clareza que essa leitura transmite.
Voltarei mais vezes pra ler de novo.
")

3:39 PM  

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